Um estilo de personalidade descreve não somente
características pessoais como também a maneira como um indivíduo se relaciona e
se comporta do ponto de vista comunicativo. Mas esse estilo não determina uma rigidez
de ação comunicativa uma vez que o outro interlocutor – dadas suas próprias
referências pessoais e sociais –, interfere na maneira como alguém pretende
expressar suas ideias.
Obviamente, em razão desse pressuposto, a maturidade
perceptiva é muito importante para quem utiliza a comunicação como meio de
atuação profissional, como no caso do professor. Assim, a estratégia
expositiva deve ser decorrente não somente de transferência de informações, mas
também de uma possibilidade de interação humana. Não se pode imaginar que a aula
seja uma série de mensagens consecutivas com conceitos ali embutidos. Isto é
relevante apenas para o caráter informacional (e não deve ser confundido com instrução). Durante uma exposição imagina-se
que o profissional deverá possuir um comportamento comunicativo que provoque
ações comunicativas nos sujeitos, confirmando o recebimento do contexto
interativo. Isso, na maior parte das vezes, se dá quando o silêncio do
estudante permite a reflexão no entorno do que está sendo objetivamente
colocado neste processo comunicativo.
A percepção do professor em relação ao silêncio do estudante
é que deve ser rebuscada, pois o silêncio não pode ser um processo de
passividade comunicativa, mas de muita ação interlocutória: visão atenta,
procedimentos reflexivos expressos na face, atitude proativa (que pode
transformar o silêncio em uma intervenção oral por parte do aluno, se
estimulada pelo professor) e uma série de elementos gestuais e corporais que
demandam exclusão do cansaço auditivo.
Uma sala de aula pouco entrosada – alunos em estado de conflito
entre si – reportam ao professor uma situação comunicativa ambígua, que fica
impossível de gerenciar. A comunicação, em ambientes conflituosos, normalmente
é do tipo confrontativa, de modo que cada espaço comunicativo está baseado em
estratégia competitiva, delimitando terrenos, desintegrando correspondências.
Isso, descrito para ambiente de sala de aula, também ocorre
em ambientes corporativos até mesmo em maior intensidade. A habilidade comunicativa,
portanto, vai além de compor discursos informativos. E qualquer inabilidade em falar nos
locais competitivos é identificada rapidamente pelos interlocutores, de tal
forma que a liderança fica extremamente prejudicada. Isso se dá muito mais em razão do insucesso em
estabelecer relações interpessoais mais densas do que manter-se parcamente disponível
apenas ao registro e exposição de mensagens informativas.
Lidar com esses percalços é o que potencializa o arsenal
comunicativo de um sujeito, pois sua habilidade está em utilizar seu estilo
pessoal e único para antecipar as situações conflituosas e deixar de lado a
própria rigidez, adaptando sua estratégia comunicativa aos estilos mais
próximos da realidade em que a comunicação acontece. Todo ambiente é
comunicativo e possui um cenário próprio. É necessário identificar esse
ambiente, caracterizá-lo e se colocar nele para projetar suas ideias de modo a
serem percebidas pelos demais, apesar das resistências contidas naqueles que
participam do ambiente e são convidados a participar do contexto comunicativo.
Todo ambiente comunicativo é um ambiente de
complementaridade. Sem entender isso um orador – professor, líder – perde a
possibilidade de simetria. Essa simetria corresponde a condições de
relacionamento em que alguém, em definitivo assume o papel de
comportamento dominante, graças ao seu perfil de personalidade adaptável às
circunstâncias menos promissoras. É neste exato momento que estamos começando a delinear o
sujeito caracterizado como motivador.
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