Notoriedade na ciência das relações humanas é que um exímio comunicador tende a ser o profeta do próprio futuro de sucesso. Ninguém discorda dessa quase fosforescente picardia dos resolutos senhores e doutos da palavra. Os simples mortais se detém massificados pelos mega usuários da oratória e se contentam em posicionarem-se na condição de ouvintes.
Já tratamos aqui do desrespeito para com a ciência da comunicação, em especial aquela que trata da produção de fala e de escrita, como a Fonoaudiologia. Já explicitamos que o saber acerca de Estilos de Comunicação está nos limiares da falta de racionalidade científica e se apoia em situações vivenciais de alguns pseudo-conhecedores de comunicação.
Falar não é uma arte em si mesma. Escrever, idem. Mas os alheios aos processos de comunicação como mecanismo racional, lógico, cognitivo e existencial, se baseiam em ralas e parcas ideias de funcionamento de ambiente organizacional para expressarem seus conteúdos insólitos acerca do tema. Esquecem o básico ou fundamental: as relações humanas em ambientes corporativos não raramente estão vinculadas aos interesses de carreiristas. Estas relações são cada vez mais empobrecidas em função das falsas informações emocionais onde as palavras são componentes de discursos esvaziados de sentimentos, mas por outro lado, repletos de sensacionalismos.
O importante nos ambientes corporativos é convencer o interlocutor com os sinais e acenos positivos que repercutem nada mais, nada menos, em frases de efeito com um conjunto de elementos que expressam meias verdades. O uso da palavra é um procedimento de ilusionistas neste caso.
Enquanto que percorri a estrada da particularidade da comunicação humana em seus estilos que levam em consideração as personalidades de cada um, outros tantos percorrem as pistas de corridas que apenas resultam em autopromoção.
A comunicação humana e os relacionamentos interpessoais não podem ser descritos em livros de autoajuda com receitas bem elaboradas de persuasão e influência sobre outros. Isto corre na contramão do percurso da evolução não só da ciência, assunto sobre o qual já estamos habituados a debater, mas também do aprimoramento da ação de comunicar. A busca pelos resultados hedonistas destitui o encontro com a essência do processo de autoconhecimento para o agir comunicativo. Fato é que ninguém mais quer diagnosticar e dominar seu próprio estilo e, portanto, de aprimorá-lo. As pessoas estão mais preocupadas em reproduzir receitas de sucesso, ignorando a si próprias ou suas qualidades já adquiridas. Não entendem que sua fala ou sua escrita é resultado de sua forma de ser e de pensar, de existir no mundo e recorrem a fórmulas mágicas descritas por gurus de expertise e sem reflexão científica. Isso tende a deflagrar cada vez mais o processo de comunicação líquida, como base de ideologias líquidas, vidas líquidas e amores líquidos que tão bem traduzem a sociedade atual.
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