Trago para você a reflexão sobre a qualidade de comunicação em
situações de relação interpessoal nos momentos de convivência familiar – se é que
isso ainda existe na sua realidade. De qualquer forma é importante que saiba
que o encontro da família em torno de uma atividade conjunta como compartilhamento
da refeição pode ser altamente positivo para a dimensão de qualidade de vida
porque perpassa por conversas que podem ser classificadas como intimistas
quando se reúne familiares à mesa.
Com o propósito de investigar a associação entre a frequência de
jantares de família e dimensões positivas e negativas de saúde mental em
adolescentes, Elgar e seus colaboradores, em 2012 obtiveram dados durante
jantares em família para determinar se essa associação. Tal hipótese teve que
ser explicada pela qualidade da comunicação entre adolescentes e pais nesses
processos de interação em momentos do que se pode chamar de convivência social
em família.
Os estudiosos selecionaram uma amostra
de 26.069 adolescentes (com idade entre 11 a 15 anos) para participarem em 2010
do estudo Canadense de Saúde e Comportamento de Crianças em idade escolar. Como
método de condução da pesquisa, foi solicitado que os adolescentes dessem dados
de em forma de autorrelato sobre a frequência semanal de jantares de família, a
facilidade que sentiam sobre a comunicação entre seus pais e os jovens
participantes. Os dados foram analisados a partir de cinco dimensões da saúde
mental (internalização e externalização de problemas, bem-estar emocional,
comportamento pró-social, e satisfação com a vida). Análises estatísticas de
testes de acerca das dimensões de saúde mental com autorrelatos promoveram
relações entre jantares de família (comunicação entre pais e adolescentes) e
saúde mental.
Perante os resultados obtidos, os pesquisadores concluíram que a
frequência de jantares de família está negativamente relacionada com internalização
e externalização de sintomas e positivamente relacionada ao bem-estar emocional,
comportamento pró-social, e satisfação com a vida. Estas associações sofrem
interferências com as diferenças de gênero, nível de ensino, ou status
socioeconômico da família. No entanto, as análises de posição hierárquica
apontam que estas associações foram parcialmente mediadas por diferenças na
comunicação entre pais e adolescentes, que explicaram de 13% a 30 % do efeito
de jantares de família sobre a saúde mental. Dessa forma foi possível concluir
que os resultados, embora estabelecidos por correlações, revelaram uma resposta
considerável sobre relação entre a frequência de jantares de família e dimensões
positivas e negativas de saúde mental de adolescentes.
Referências:
Elgar, Frank J. et al. Family Dinners, Communication, and Mental Health
in Canadian
Adolescents. Journal of Adolescent Health, Volume 52, Issue 4, 433 -
438
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