segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Os caminhos das palavras e a racionalidade do estilo de comunicar

Já abordamos aqui o que os estilos de comunicação têm de relevante para conferir autenticidade ao seu discurso. Contudo, sem uma devida pausa reflexiva sobre esse tema, pode-se compreender erroneamente que as palavras do discurso são complementos periféricos na interlocução.
As pausas que são tão pertinentes à comunicação escrita formal nem sempre são respeitadas no discurso oral onde, via de regra, as pessoas tendem a considerar que a fala depende exclusivamente de abrir a boca e emendar uma ideia a outra. Falar é simples, o que faz as pessoas confundirem com sinônimo de ausência de complexidade na estruturação e concatenação de sentidos e significados. Isto atende à ideia de que para falar basta abrir a boca e corresponde a um engano gigantesco.
O comportamento comunicativo irrefletido é sinônimo de imaturidade de interlocução. Para todo discurso há que se pensar em que palavras se deve utilizar. Há que se refletir sobre como as palavras escolhidas combinam com sua personalidade, para não soar falso aos ouvidos alheios. Incorporar a atitude reflexiva no discurso oral é um elemento vital da autenticidade sobre a qual já comentamos anteriormente.
O erro mais frequente na oralidade é justamente utilizar fórmulas prontas que distanciam o orador de sua própria personalidade, criando um estilo artificial que, por muitas vezes, cairá em contradição em outros preciosos momentos de relacionamento interpessoal. Quando algo não soa bem aos seus ouvidos, mesmo que você concorde com o teor do que está sendo dito, a percepção está menos vinculada à intuição e muito mais à racionalidade. Entenda: quando algo lhe soa estranho no discurso de alguém, provavelmente seu cérebro está desperto para identificar que as palavras do discurso e o estilo da personalidade do orador estão dissonantes. É racional essa identificação e não intuitiva como muitos acreditam.
Não seja tendencioso(a) quando o assunto é comunicação. Isto é, não se deixe iludir pela ideia de que você foi capaz de intuir que a pessoa era falsa. Seu sistema nervoso foi capaz de identificar a inconsistência entre o discurso proferido e a ação comunicativa presa ao tipo de personalidade. Quando as duas coisas não se afinam, você detecta a falta de genuinidade. Simples assim.
Portanto, recuperemos as pausas. Desferir palavras, jorrar discursos decorados de fórmulas de gurus é inconcebível para um profissional que pretende ser reconhecido pelo caráter de sua autenticidade discursiva. Isto, por outro lado, não significa assumir o papel de extremamente sincero em que as pessoas, para se assumirem como autênticas, golpeiam com palavras. O extremamente sincero, por vezes, quer ferir ou chocar através de palavras bem escolhidas para tal. Um dos lugares comuns em que a linguagem escrita assume esse papel é nas redes sociais, onde as pessoas perdem a clareza entre a autenticidade e a discursividade agressiva. Neste contexto, as palavras são sim escolhidas para ferir, diferentemente de falar ingenuamente, sem critério. Neste último, quem fere, simplesmente não pensa para falar; é tão emocional que põe sentimentos nas palavras sem desconfiar de que está sendo inadequado.
Enfim, pondere sobre seu comportamento comunicativo antes de criar uma imagem incongruente ou mesmo de assumir posturas confusas sobre o caráter genuíno das comunicações humanas. A dica é aprimorar toda a sua rede de perceptual e acrescentar racionalidade às informações que pretende comunicar.

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