quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

FALA AUTÊNTICA é sua especialidade?

Drª Maria Angela Lourençoni, Comunicação Interpessoal.

Para quem não conhece, sugiro uma leitura adicional dentro dos moldes da Psicologia Fenomenológica, O Resgate da Fala Autêntica de Mauro Amatuzzi. Assim fica mais fácil compreender o que vem a ser uma comunicação autêntica sem perder de vista o filosófico e o antropológico da questão que abordamos aqui hoje.

Ninguém pode ser mais disparatado na organização de sua fala do que você mesmo. Felizmente, para isso, basta um processo de autoconhecimento e o ideal da genuinidade estará diante de si mesmo para uso intensivo. Quanto mais você corrobora relações líquidas, em tempos de conexões líquidas e voláteis da contemporaneidade, mais se distancia de seu próprio eixo comunicativo. Não desabe sobre suas características pessoais os rótulos de classificação aleatórias do modelo certo e errado para o ambiente onde atua profissionalmente ou mesmo nas suas relações sociais de amizade e afetivas.

Drª Maria Angela Lourençoni, Inventário de Estilos de Comunicação

A Modernidade Líquida – cabe também a dica de leitura de Zigmund Bauman – não lhe permite o grau correto de autenticidade e, ao mesmo tempo o contempla com um conjunto quase infinito de receitas corretas sobre como deve ser, falar e se comportar para ser bem aceito. Com isso, a sua suposta autenticidade segue o rumo do embotamento.

A questão primordial é: como você se comporta numa conversa consigo mesmo? Você deve ser capaz de identificar se sua ação comunicativa resvala nos limites de sua autenticidade ou se até mesmo seus devaneios perpassam pela contemporaneidade líquida. 
Você deve servir de testemunha para si mesmo. Isso é uma prerrogativa, a razão de si.

O artigo teve início com um questionamento sobre sua autenticidade de fala, mas até o presente momento apresentamos um argumento sobre seu distanciamento da genuinidade de sua comunicação, citando seu distanciamento de seu Ser fenomenológico. Nisto se resume sua incongruência: falta de percepção ou de compreensão do que ocorre consigo mesmo, que o leva à falta de aceitação de suas próprias características (caso saiba descrevê-las: em meu percurso docente encontrei uma infinidade de alunos de diversas faixas etárias com dificuldades em falar sobre si ou de descrever a si mesmo por nunca ter refletido sobre essa questão).

As pessoas que não reconhecem seus próprios identificadores de personalidade têm dificuldade em assumir uma postura minimamente natural e faz uso consciente dessas posturas socialmente. O desejo de agradar assumindo atitudes orientadas por outros acaba por tornar o indivíduo estranho a si mesmo. Agradar aos outros sem aceitar a si mesmo é uma prerrogativa da perpetuação da falta de autoconfiança. A fala, a atitude comunicativa é o registro da Vida Instantânea, com relações sedutoras e sem lugar para o encontro interno.


Termo comum da literatura fenomenológica, a Poiesis, pode retratar uma Linguagem mais prática, traduzindo o agir do verbo, da palavra, compondo o discurso também em forma de comportamento. Um comportamento expressivo que perpassa pela razão de si.

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