Drª Maria Angela Lourençoni, Comunicação Interpessoal. |
Para quem não conhece, sugiro uma leitura adicional dentro dos
moldes da Psicologia Fenomenológica, O
Resgate da Fala Autêntica de Mauro Amatuzzi. Assim fica mais fácil
compreender o que vem a ser uma comunicação autêntica sem perder de vista o
filosófico e o antropológico da questão que abordamos aqui hoje.
Ninguém pode ser mais disparatado na
organização de sua fala do que você mesmo. Felizmente, para isso, basta um
processo de autoconhecimento e o ideal da genuinidade estará diante de si mesmo
para uso intensivo. Quanto mais você corrobora relações líquidas, em tempos de
conexões líquidas e voláteis da contemporaneidade, mais se distancia de seu
próprio eixo comunicativo. Não desabe sobre suas características pessoais os
rótulos de classificação aleatórias do modelo certo e errado para o ambiente onde atua
profissionalmente ou mesmo nas suas relações sociais de amizade e afetivas.
Drª Maria Angela Lourençoni, Inventário de Estilos de Comunicação |
A Modernidade
Líquida – cabe também a dica de leitura de Zigmund
Bauman – não lhe permite o grau correto de autenticidade e, ao mesmo tempo
o contempla com um conjunto quase infinito de receitas corretas sobre como deve
ser, falar e se comportar para ser bem aceito. Com isso, a sua suposta
autenticidade segue o rumo do embotamento.
A questão primordial é: como você se comporta numa conversa
consigo mesmo? Você deve ser capaz de identificar se sua ação comunicativa
resvala nos limites de sua autenticidade ou se até mesmo seus devaneios
perpassam pela contemporaneidade líquida.
Você deve servir de testemunha para
si mesmo. Isso é uma prerrogativa, a razão de si.
O artigo teve início com um questionamento sobre sua autenticidade
de fala, mas até o presente momento apresentamos um argumento sobre seu
distanciamento da genuinidade de sua comunicação, citando seu distanciamento de
seu Ser fenomenológico. Nisto se resume sua incongruência: falta de percepção
ou de compreensão do que ocorre consigo mesmo, que o leva à falta de aceitação de
suas próprias características (caso saiba descrevê-las: em meu percurso docente
encontrei uma infinidade de alunos de diversas faixas etárias com dificuldades
em falar sobre si ou de descrever a si mesmo por nunca ter refletido sobre essa
questão).
As pessoas que não reconhecem seus próprios identificadores de
personalidade têm dificuldade em assumir uma postura minimamente natural e faz
uso consciente dessas posturas socialmente. O desejo de agradar assumindo
atitudes orientadas por outros acaba por tornar o indivíduo estranho a si mesmo.
Agradar aos outros sem aceitar a si mesmo é uma prerrogativa da perpetuação da
falta de autoconfiança. A fala, a atitude comunicativa é o registro da Vida
Instantânea, com relações sedutoras e sem lugar para o encontro interno.
Termo comum da literatura fenomenológica, a Poiesis,
pode retratar uma Linguagem mais prática, traduzindo o agir do verbo, da palavra,
compondo o discurso também em forma de comportamento. Um comportamento
expressivo que perpassa pela razão de si.
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